Usar os terríveis sapatos apertados, chegar em casa no final do dia e arrancá-los dos pés: essa é a verdadeira felicidade — diz Gláuco Nelson Astur Neto, ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé).
Mas nem só de sapato apertado sofrem os pés. Pesquisas apontam que 70% da população mundial tem algum problema nessas extremidades em algum momento da vida. Diferentemente de outros tipos de dor, como as nas costas e na coluna, em que 69% dos brasileiros se deixam acometer por mais de um ano antes de buscar ajuda.
— No caso dos pés, as pessoas procuram ajuda médica cedo, já que eles são imprescindíveis para a locomoção — explica Nelson.
Entre os problemas mais comuns apresentados por adultos, está o popular joanete. Na medicina, ele é consequência de uma deformidade no dedão, chamado de hálux valgo e trata-se de um desvio lateral da articulação, que fica entre esse dedo e o pé. Além da hereditariedade, é causado pelo uso de calçados apertados, com salto alto e bico fino. As consequências? Saliência do osso do dedão — que aponta cada vez mais para os outros dedos —, dor e edema na articulação e aparecimento de calos.
Há também a metatarsalgia, uma dor na parte de baixo na região bem próxima aos dedos, a "almofadinha" da sola anterior do pé, conforme simplifica Nelson. Ela é uma consequência da sobrecarga nos ossos chamados metatarsos — aqueles compridos, que ficam entre o calcanhar e os dedos —, causada por atividades como corrida ou caminhada.
Outro problema comum é a fascite plantar, uma inflamação em um tecido bastante resistente que fica na planta dos pés, funcionando como se fosse uma corda quando mexemos os pés. Ela causa bastante dor no calcanhar e geralmente se manifesta quando a pessoa acorda e caminha descalça ao levantar da cama. Excesso de peso e pés planos ou cavados contribuem para o seu aparecimento, assim como ficar longos períodos em pé.
Independente do problema, desconforto, dor ou anormalidade, a orientação de um ortopedista é essencial. O tratamento prescrito pode incluir um simples repouso, uso de palmilhas, de anti-inflamatórios ou mesmo cirurgia.
Siga as dicas
:: Calçado amigo do pé é aquele folgado, confortável — que não aperta os dedos nem o calcanhar —, com saltos baixos, feitos com materiais que permitam a transpiração, como o couro. E lembre-se: o sapato tem que adaptar-se ao pé e não o contrário.
:: Manter o pé ativo: atividades físicas e alongamentos são indicados, sem exageros.
:: Não descuidar do peso, ficando de olho na balança e na dieta. Quanto maior o peso, maior o risco de sofrer com dores e problemas nos pés.
:: Procurar sempre um especialista quando sentir dores ou desconforto.